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07-05-2024

Livro Branco da Inteligência Artificial apresentado na Assembleia da República

O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) apresentou no dia 7 de maio, na Assembleia da República, o Livro Branco "Inteligência Artificial (IA): inquietações sociais, propostas éticas e orientações políticas"Numa sessão presidida pelo Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, debateram-se os principais benefícios e riscos da IA aplicada às áreas das ciências da vida.

“Todos queremos que haja coisas tão simples como a garantia da transparência e da ética” na defesa de um bem comum como os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, afirmou José Pedro Aguiar Branco. Para o Presidente da Assembleia da República o Livro Branco da IA “é um contributo inestimável” para que possamos “olhar com mais cuidado e conhecimento para uma realidade transversal a toda a sociedade independentemente das nossas opções políticas ou ideológicas”. Para Aguiar-Branco a “casa da democracia” é o “sítio certo” para o debate sobre IA de modo a “contribuir para a qualidade da democracia, o papel que nos compete na Assembleia da República.”

A Presidente do CNECV, Maria do Céu Patrão Neves, salientou que a inteligência artificial é “altamente disruptiva”, considerando que existem “benefícios evidentes a maximizar, mas também riscos inalienáveis a mitigar”. A responsável alertou os decisores políticos para a necessidade de regulamentar a IA e pediu aos cidadãos mais atenção ao tema, de modo a “tornarem-se agentes responsáveis da transformação digital da nossa sociedade”. “Importa desenvolver uma consciência esclarecida a partir de informações objetivas, rigorosas, atualizadas e uma reflexão ponderada acerca dos valores nucleares e princípios identitários do ser humano a respeitar incondicionalmente”, afirmou. 

Rui Nunes, coordenador do grupo de trabalho da IA no CNECV, considerou que a IA “a todos surpreende com as suas inúmeras potencialidades, mas sobretudo pelas caraterísticas “muito distintas do que até hoje se inventou”, como a capacidade de aprender e interpretar a linguagem humana, de lidar com conceitos complexos ou a possibilidade de através da robótica se mover no espaço físico. “Tudo isto junto é uma mistura explosiva para o bem, mas também pode ser utilizada para o mal, nomeadamente através das campanhas de desinformação, que a IA tem uma capacidade única de exponenciar e pôr em causa verdadeiramente o estado democrático de direito”, defendeu. 

Miguel Ricou, membro do grupo de trabalho, centrou a sua intervenção no impacto da inteligência artificial nas profissões de saúde, alertando para a capacidade que a inteligência artificial tem hoje de fazer diagnósticos clínicos. “Será que os profissionais vão continuar a ser críticos em relação aos diagnósticos das inteligências artificiais?” Para o psicólogo clínico “temos de olhar sempre para a IA como uma ferramenta que pode e nos deve ajudar, mas não podemos abdicar da responsabilidade da decisão”.

Inês Godinho, também um dos elementos deste grupo de trabalho, mencionou a importância da regulamentação para termos uma IA mais confiável, estabelecendo a ligação da reflexão do CNECV com o recentemente aprovado Regulamento Europeu relativo à Inteligência Artificial (AI Act). “Este regulamento da IA da União Europeia é claramente uma manifestação da importância da reflexão ética”,  a “pedra angular” para promover “no espaço europeu uma IA em que possamos confiar” com segurança e respeito pelos direitos humanos.

No final da sessão Livro Branco "Inteligência Artificial (IA): inquietações sociais, propostas éticas e orientações políticas" abriu-se um espaço de debate sobre esta reflexão ética dirigida ao poder público, profissionais de saúde e sociedade civil. 

Veja aqui a sessão completa.

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Agência Digital