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09-12-2024

Audição da Ministra do Ambiente sobre Aspetos Éticos da Disponibilização e Usos da Água

Durante a 295ª Reunião Plenária do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV), no dia 6 de dezembro, na Assembleia da República, realizou-se a audição da ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, no âmbito dos trabalhos de Reflexão sobre Aspetos Éticos da Disponibilização e Usos da Água no contexto da “Uma só saúde".

A gestão da água em Portugal enfrenta desafios cada vez mais complexos, em consequência das alterações climáticas e aumento da procura nos setores agrícola, urbano e turístico. A ministra do Ambiente sublinhou que a água é uma prioridade governativa e um bem essencial para a saúde pública. As alterações climáticas impõem, segundo a governante, a adoção de soluções inovadoras para assegurar o abastecimento da água e a sustentabilidade no uso de recursos naturais.

Dados recentes da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) mostram que 27,1% da água para abastecimento urbano se perde antes de chegar ao consumidor, enquanto apenas 1,2% da água residual é reutilizada. A agricultura absorve 73% da água captada, enquanto os grandes sistemas hidroagrícolas públicos registam perdas entre 10% a 40%.

Até 2040, prevê-se uma redução de 6% nas disponibilidades hídricas anuais e um aumento de 26% no consumo. Em Portugal, as regiões ao sul do Tejo já enfrentam situações de escassez que ameaçam a segurança hídrica. Como explicou a ministra do Ambiente: “A situação de escassez de água em que se encontra a região do Algarve não é conjuntural, é sistémica, decorre das alterações climáticas e do aumento da procura, e não se antecipa que possa vir a evoluir favoravelmente nos anos futuros”.


Maria da Graça Carvalho explicou que o Governo tem apostado em medidas de curto, médio e longo prazo, como a redução de perdas no abastecimento, a reutilização de águas residuais e a construção de uma dessalinizadora em Albufeira, que deverá começar a funcionar em 2025. Entre os projetos em destaque, a responsável governamental referiu também a captação de água no Pomarão, com o concurso para a empreitada de construção previsto para breve, uma iniciativa que reforçará as afluências à barragem de Odeleite em 30 milhões de m³ por ano.

“O Governo pretende garantir a segurança e a sustentabilidade do abastecimento de água à região, salvaguardando o bem-estar da população e a viabilidade dos setores económicos que dependem da água de forma crítica (agricultura e turismo)”, explicou.

A ministra do Ambiente indicou ainda que o futuro da gestão da água em Portugal passa pela implementação de um novo Plano Nacional da Água 2025-2035 (PNA 2035), promovido pela Autoridade Nacional da Água (APA), que visa uma abordagem integrada e multissetorial. O plano aposta na eficiência hídrica, na reutilização de recursos e no reforço da capacidade de armazenamento. Em articulação, o Plano REGA, liderado pelo Ministério da Agricultura, pretende otimizar a distribuição de água para rega. Um compromisso estratégico que reflete a necessidade de preservar os recursos hídricos para preservar o equilíbrio ambiental, a saúde pública e o desenvolvimento sustentável do país.


Créditos das Imagens: @CNECV/Ana Sofia Calaça

Agência Digital