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05-01-2024

Audições sobre Novas Tecnologias aplicadas à agricultura e produção agrícola

No âmbito do Relatório sobre o Estado da Aplicação das Novas Tecnologias 2023, dedicado à inovação tecnológica aplicada à agricultura, em preparação pelo CNECV - que tem como relatores Pedro Fevereiro e Inês Fronteira - decorreu a 7 de dezembro, via zoom, a audição dos especialistas Ana Paula Garcia, Gabriela Cruz e Francisco Pavão.

O que se exige aos agricultores? A questão foi equacionada por Ana Paula Garcia, engenheira agrónoma e subdiretora geral da Direção Geral de Alimentação e Veterinária, para quem os desafios são amplos. Os agricultores têm de produzir alimentos de forma constante e trabalhar com respeito pela sustentabilidade, estando a produção agrícola sujeita às alterações climáticas e fenómenos extremos. O setor tem de lidar com a rigorosa legislação nacional e europeia, com as pragas e doenças que atingem os cultivos agrícolas e com fatores socioeconómicos, como o afastamento da sociedade da realidade dos meios rurais. A agricultura de precisão, o melhoramento genético de plantas, os biopesticidas ou o mais eficiente uso de água são aspetos fundamentais para mitigar alguns dos problemas referidos, sublinhou Ana Paula Garcia.

Gabriela Cruz, engenheira agrónoma e presidente da APOSOLO – Associação Portuguesa de Mobilização de Conservação do Solo, lembrou a guerra na Ucrânia e a consequente escalada de custos nos fatores de produção, nomeadamente dos fitofármacos e da água. De acordo com dados da FAO, espera-se que em 2050 a população mundial possa atingir perto dos 10 mil milhões de habitantes, o que vai exigir um aumento da produção agrícola em 70%. Esta previsão suscita questões relacionadas com a sustentabilidade: será necessário produzir mais com menos, sem esquecer salários justos. A especialista considera a utilização de Novas Tecnologias na agricultura uma mais-valia, exemplificando com os robots agrícolas utilizados nos socalcos das vinhas no Douro, os cada vez mais sofisticados tratores com computadores a bordo e condução automática, bem como a utilização de imagens de satélite para monitorizar culturas agrícolas.

Francisco Pavão, vice-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, defendeu uma maior proximidade dos agricultores às universidades e indústria, tendo em mente ser necessário mudar paradigmas de modo a atrair mais jovens para o setor. O responsável considera que com o progresso tecnológico “não vamos substituir mão-de-obra, mas especializá-la” para um futuro em que a agricultura seja uma aliada das Novas Tecnologias, com ponderação ética e intervenção da ciência e academia. É importante também que as inovações tecnológicas estejam adaptadas à realidade agrícola nacional e sejam validadas previamente à sua aplicação - acrescentou.

As Novas Tecnologias desempenham um papel fundamental na resposta às dificuldades dos agricultores, defenderam os especialistas. No futuro, os meios tecnológicos (robots, sensores de temperatura e humidade, imagens aéreas e tecnologias GPS) serão cada vez mais sofisticados, permitindo maior eficiência, lucro e respeito ambiental. A agricultura utilizará igualmente os conhecimentos da biologia molecular, da genómica e da biotecnologia para desenvolver variedades vegetais mais adaptadas às alterações climáticas e mais resistentes a pragas e doenças, obtendo-se alimentos mais seguros e nutritivos.

Agência Digital