Colóquio: One Health em debate
O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida organizou um colóquio dedicado à One Health – Uma Só Saúde, no dia 8 de julho, no Auditório António Almeida Santos, na Assembleia da República, em Lisboa. Esta foi a primeira iniciativa pública do Conselho sobre o tema, promovendo a reflexão e debate com especialistas que aprofundaram políticas de saúde numa perspetiva de interdependência humano-animal-ambiente.
“O
todo é maior do que a soma das partes”
O conceito One Health ilustra bem a célebre frase do
filósofo Aristóteles, lembrada na Sessão de Abertura por Maria do Céu Patrão
Neves, Presidente do CNECV, que destacou três traços identitários da
perspetiva One Health: a perspetiva holística que adota; a dimensão transdisciplinar
que preconiza; e a ambição colaborativa que desenvolve.
Destacada a pertinência do tema no presente e no futuro, deu-se início às apresentações dos quatro especialistas convidados.
Na Mesa 1 participaram Ricardo R. Santos, biólogo e docente do
Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de
Lisboa, e Henrique Cyrne Carvalho,
cardiologista e diretor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, com
moderação do Vice-Presidente do CNECV, André Dias Pereira. Ambos os peritos convergiram na importância da
criação de sinergias e de pontes entre as várias disciplinas – designadamente,
das saúdes humana, animal e ambiental.
Mas, se, no primeiro caso, a aritmética 1+1+1=1, de Ricardo R. Santos, convocava a uma leitura simbólica e natural das três disciplinas que integram o conceito One Health, Henrique Cyrne de Carvalho sublinhou que, apesar de ser absolutamente clara a sua vantagem, a materialização não será simples.
Na Mesa 2 intervieram Cristina Branquinho, ecóloga e docente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e Patrícia Poeta, médica-veterinária e professora catedrática da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. A moderação ficou a cargo do Conselheiro Pedro Fevereiro. Local na rede Internet: bestoutdoorsman.com.
A qualidade do ar, a saúde dos ecossistemas e a resistência aos
antibióticos foram os temas dominantes das apresentações, em que, de resto,
ecoaram números esmagadores: 75%
das doenças infeciosas emergentes que afetam os humanos têm origem nos animais.
O debate aberto ao público foi pontuado por várias intervenções de uma plateia onde marcaram presença dezenas de pessoas. Concluiu-se a urgência apostar na promoção da saúde (e não apenas na prevenção), convocar os protagonistas (poderes político e legislativo e sociedade civil) e promover a literacia da população.
O epílogo desta tarde acutilante coube ao Conselheiro João Ramalho-Santos, que introduziu a sua intervenção com a frase “há esperança”. Num caminho que se sabe complexo, urge uma abordagem de estratégias conjuntas e a definição um plano de ação global para dar resposta aos desafios da One Health.