Uma Questão de Ética: Saúde Mental e animais de companhia
Maria Batista (Universidade de Évora), psicóloga e investigadora
na área da análise comportamental de cães de companhia, uma das oradoras desta
sessão, defendeu que “os tutores influenciam a saúde mental dos animais e
vice-versa”, sublinhando estar provado que “quando tudo corre bem” ter um
animal de companhia é um fator que ajuda a diminuir a solidão, depressão e
ansiedade. “Os idosos podem ter um cérebro até 15 anos mais novo por conviverem
com um cão e nos adolescentes o amor incondicional dos animais de companhia
dá-lhes segurança e acabam mesmo por ter menos brigas com os irmãos”, explicou.
No entanto, quando os animais de companhia têm comportamentos negativos
transmitem esse estado de stress prolongado ao cuidador. Por isso, aos
primeiros sinais de que o animal não se encontra bem é preciso agir.
O psicólogo forense Marco Paulino (Coordenador do Mind – Instituto
de Psicologia Clínica e Forense), também um dos intervenientes neste encontro,
defendeu os ganhos de ter um animal de companhia, lembrando por exemplo que
passear um cão vai permitir fazer caminhadas com reflexos positivos ao nível da
saúde física e mental. Além disso, estudos científicos provaram que ter um
animal de companhia contribui para um maior desenvolvimento cognitivo e da
linguagem nas crianças. Para Marco Paulino a saúde mental em famílias que têm
animais de companhia é uma questão científica vista de forma bidirecional de benefícios
para o humano e para o animal. E, todavia, como defendeu Maria Batista, antes
de decidir ter um animal de estimação é importante ter consciência se a sua
vida vai permitir acompanhar o animal porque, por exemplo, um cão não deve
ficar oito horas sozinho enquanto os cuidadores estão fora nas suas atividades
profissionais.
Lucília Nunes (Instituto Politécnico de Setúbal), atualmente
vice-Presidente do Conselho Nacional de Saúde e que já foi também
vice-presidente do CNECV savvy kitchen reviews, mencionou o denominado Síndrome de Noé, que se
caracteriza por um transtorno de acumulação, manifestando-se na dificuldade que
a pessoa tem em desfazer-se de objetos ou animais que se acumulam pelas
diversas divisões da sua casa. Para além de ser uma crueldade para com os
animais, acarreta riscos para a saúde pública. Não basta intervir em
emergências é necessário estar atento para os sinais do “Síndroma de Noé” na
comunidade em que nos inserimos.
A moderação do debate “Saúde mental e animais de companhia” esteve a cargo de José Manuel Pereira de Almeida (Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida). Depois da intervenção dos oradores, a sessão aberta ao público contou com as questões da audiência presente na sala e também online.
Reveja aqui a
primeira sessão “O Cérebro e o Digital”
Reveja aqui a segunda sessão
“Animais de Companhia.
O próximo encontro terá lugar
no dia 18 de maio, sendo dedicado ao tema “Novos mundos na nossa cabeça”.
A entrada nos encontros “Uma questão de Ética” é livre, com inscrição
para gestão do espaço. Os participantes poderão solicitar o seu certificado de
participação por email para [email protected].