
Webinar destaca desafios e oportunidades da investigação em saúde nos PALOP
Iniciativa contou com mais de 80 participantes de várias geografias lusófonas e sublinhou a importância de reforçar parcerias e combater a fuga de cérebros.
“É preciso impulsionar a cultura de investigação”. O apelo foi deixado por Maria da Luz Lima, interveniente central do quinto webinar temático intitulado “Investigação científica em saúde nos Países Africanos de Língua Portuguesa”, realizado a 9 de abril. Com um olhar atento sobre os contextos de Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, a especialista sublinhou que, apesar de especificidades nacionais, os PALOP partilham desafios semelhantes no campo da ciência e da saúde.
Com moderação do Conselheiro Carlos Maurício Barbosa, o evento integrou a agenda da Plataforma Lusófona de Bioética. Durante a sua intervenção, Maria da Luz Lima destacou as fragilidades dos sistemas nacionais de investigação em saúde, que vão desde o financiamento limitado à escassa divulgação científica, passando pela ausência de estratégias claras de monitorização e avaliação.
Os perfis epidemiológicos variam entre os países: enquanto Angola e Moçambique enfrentam uma forte incidência de doenças infeciosas, como malária e VIH, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe registam atualmente uma maior prevalência de doenças crónicas não transmissíveis como principais causas de morte. Maria da Luz Lima lembrou ainda que mais de 40 projetos de investigação nos PALOP se focam em doenças transmissíveis, mas há áreas como a saúde mental que continuam sub-representadas.
Moçambique foi apontado como o país com maior dinamismo em termos de investigação e número de ensaios clínicos. A interveniente alertou para a necessidade de reforçar as parcerias internacionais e regionais e combater a fuga de cérebros, que ameaça o desenvolvimento científico sustentável.
O webinar terminou com um debate dinâmico entre os participantes, marcado por contributos de várias áreas geográficas e por um entusiasmo comum: o de contribuir para a construção de sistemas de investigação em saúde mais sólidos nos PALOP.