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One Health em debate - Sessão Pública Lisboa, 8 de julho de 2022

O conceito de One Health assenta no reconhecimento da necessidade de abordaras políticas de saúde numa perspetiva de interdependência humano-animal-ambiente. Esta interdependência suscita questões éticas sobre a otimização da saúde dos indivíduos e das populações humanas com a saúde e o bem-estar dos animais e com o ecossistema.

 

O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida organizou umcolóquio dedicado à One Health – UmaSó Saúde, no dia 8 de julho, no Auditório António Almeida Santos, naAssembleia da República, em Lisboa. Esta foi a primeira iniciativa pública doConselho sobre o tema, promovendo a reflexão e debate com especialistas queaprofundaram políticas de saúde numa perspetiva de interdependência humano-animal-ambiente.

“Otodo é maior do que a soma das partes”

O conceito One Health ilustra bem a célebre frase dofilósofo Aristóteles, lembrada na Sessão de Abertura por Maria do Céu PatrãoNeves, Presidente do CNECV, que destacou três traços identitários daperspetiva One Health: a perspetiva holística que adota; a dimensão transdisciplinarque preconiza; e a ambição colaborativa que desenvolve.

Destacada a pertinência do tema no presente e no futuro, deu-seinício às apresentações dos quatro especialistas convidados.

Na Mesa 1 participaram Ricardo R. Santos, biólogo e docente doInstituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade deLisboa, e Henrique Cyrne Carvalho,cardiologista e diretor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, commoderação do Vice-Presidente do CNECV, André Dias Pereira. Ambos os peritos convergiram na importância dacriação de sinergias e de pontes entre as várias disciplinas – designadamente,das saúdes humana, animal e ambiental.

Mas, se, no primeiro caso, a aritmética 1+1+1=1, de Ricardo R. Santos, convocava a uma leitura simbólica enatural das três disciplinas que integram o conceito One Health, Henrique Cyrne de Carvalho sublinhou que, apesar de serabsolutamente clara a sua vantagem, a materialização não será simples.

Na Mesa 2 intervieram Cristina Branquinho, ecóloga e docenteda Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e Patrícia Poeta, médica-veterinária e professora catedrática daUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. A moderação ficou a cargo doConselheiro Pedro Fevereiro.

A qualidade do ar, a saúde dos ecossistemas e a resistência aosantibióticos foram os temas dominantes das apresentações, em que, de resto,ecoaram números esmagadores: 75%das doenças infeciosas emergentes que afetam os humanos têm origem nos animais.

O debate aberto ao público foi pontuado por várias intervenções deuma plateia onde marcaram presença dezenas de pessoas. Concluiu-se a urgência apostar na promoção da saúde (enão apenas na prevenção), convocar os protagonistas (poderes político elegislativo e sociedade civil) e promover a literacia da população.

O epílogo desta tarde acutilante coube ao Conselheiro João Ramalho-Santos, que introduziu asua intervenção com a frase “há esperança”. Num caminho que se sabe complexo,urge uma abordagem de estratégias conjuntas e a definição um plano de açãoglobal para dar resposta aos desafios da One Health.

 

PROGRAMA do evento realizado.



As iniciativas One Health CNECV incluirão a audição de entidades e peritos e a elaboração de um Parecer de iniciativa do Conselho, a culminar com a realização doSeminário Anual do CNECV no dia 3 de novembro de 2023, data em que se assinalao World One Health Day. Será ainda editada pelo CNECV uma publicação abrangente sobre o tema da One Health.


Veja abaixo os excertos dos vídeos de cada intervenção:


Agência Digital