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25-09-2025

CNECV organiza sessão de audição de antigos Presidentes e Vice-Presidentes no âmbito dos Estados Gerais da Bioética

O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) organizou, no passado dia 19 de setembro, no Auditório António de Almeida Santos da Assembleia da República, uma sessão de audição dos Presidentes e Vice-Presidentes de anteriores mandatos. A iniciativa, integrada nos Estados Gerais da Bioética, constituiu um momento de escuta, reflexão e valorização da memória institucional do Conselho.«A Presidente do CNECV, Maria do Céu Patrão Neves, inaugurou a sessão de audição em que estiveram presentes os antigos Presidentes Paula Martinho da Silva (2003-2009), Miguel Oliveira da Silva (2009-2015) e Jorge Soares (2016-2021), bem como o Vice-Presidente Michel Renaud (2009-2015).

A sessão permitiu recolher testemunhos sobre os principais desafios e conquistas do passado, mas também debater perspetivas para o futuro papel do Conselho. Paula Martinho da Silva destacou que cada mandato é marcado pelo seu contexto histórico, pelas dinâmicas sociais e pelos avanços científicos, com temas hoje centrais como a inteligência artificial que não se colocavam no passado. Sublinhou ainda a importância de procurar consensos sem ignorar divergências, defendendo o diálogo com a sociedade, nomeadamente a aproximação aos jovens nas escolas. 


Miguel Oliveira da Silva fez uma autocritica sobre aspetos que poderiam ter corrido melhor durante o seu mandato, mas recordou com orgulho o rigor do funcionamento do Conselho, designadamente no cumprimento de horários, bem como as iniciativas de cooperação internacional, como as três reuniões presenciais conjuntas com o Comité de Bioética de Espanha e a aprovação de um parecer comum sobre células estaminais. 

Jorge Soares regozijou-se com o reencontro dos antigos responsáveis do CNECV e destacou que a ética se constrói a partir da pluralidade de perspetivas, sendo essencial incorporar o pensamento e a experiência da sociedade nas reflexões do Conselho. Defendeu que o Conselho deve reforçar a sua abertura e o diálogo com os cidadãos, tornando-os parte ativa na discussão sobre as questões éticas que atravessam a ciência e a vida em sociedade.

Também Michel Renaud exprimiu a sua enorme satisfação por esta iniciativa, sublinhando a riqueza da sua experiência como membro dos quatro primeiros mandatos. O antigo Vice-Presidente lembrou que o Conselho português se inspirou no francês sem, todavia, adotar alguns aspetos estruturantes deste como a integração de representantes de diferentes religiões.  Referiu ainda que é importante reconhecer que existe sempre uma “ética vivida” e uma “ética teórica”, uma distinção fundamental para compreender a ética no seu todo.


Agência Digital